Quadrilha junina tradicional – História e características da dança junina

A quadrilha junina tradicional está sempre presente nas festividades de junho, e é muito popular por todo o território nacional. Repleta de bordões populares bastante conhecidos e carregada de alegria contagiante, faz parte de nossa cultura e folclore nacional a muito mais tempo do que a maioria das pessoas imagina.

No início do século XIX, vieram de Portugal o rei João VI e sua família, junto de sua corte real, trazendo para o Brasil seus costumes e as danças típicas que estavam em ascensão na Europa. Tais danças eram praticadas pelos nobres da época, mas rapidamente o povo local passou a admira-las, incorporando-as aos seus próprios costumes.



Entretanto, a população não dispunha dos mesmos recursos financeiros da realeza portuguesa, portanto, festas luxuosas e caras não eram algo acessível. Mas isso não os impediu de realizarem seus próprios bailes.

A origem da quadrilha junina tradicional

A população acabou criando uma adaptação das danças portuguesas trazidas pela realeza, realizando uma mistura da original (proveniente da França) com algumas das danças já existentes no Brasil, como o forró e algumas danças africanas.  Dessa mistura, resultou o que conhecemos hoje como quadrilha junina.

Mas não apenas os passos e movimentos foram topicalizados: as vestimentas utilizadas também mudaram, resultando em trajes mais leves (por conta do calor), além de saias mais curtas e comuns ao cotidiano das mulheres simples da época. Além disso, as perucas utilizadas pela realeza foram trocadas por chapéus de palha, utilizados diariamente pelos trabalhadores rurais.



Vestimentas

As roupas remendadas, tão populares na quadrilha junina tradicional, são resultado de um esforço dos dançarinos para que suas surradas roupas parecessem mais novas do que realmente eram, pois diferente dos indivíduos da realeza, que possuíam roupas caras e específicas para os dias de dança, a população em geral utilizava as mesmas roupas do dia a dia e trabalho.

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Com o passar das décadas, os dançarinos passaram a utilizar apetrechos coloridos e mais trabalhados, como fitas e babados, utilizando também camisas xadrez. Hoje em dia, tais elementos são praticamente indispensáveis na quadrilha junina.



As músicas da quadrilha junina tradicional

Assim como as vestimentas e apetrechos característicos, as músicas são elementos fundamentais na quadrilha junina, e não poderiam escapar da adaptação brasileira. Os instrumentos utilizados passaram a ser os já utilizados pela população daquela época, como o triangulo, a sanfona e a viola.

Além disso, o narrador é parte integrante e fundamental da dança pois é ele que, junto dos instrumentos, dita o ritmo das passadas e coreografia dos dançarinos.

Personagens e enredo

A quadrilha junina tradicional com certeza é uma das danças populares brasileiras que apresenta o maior número de personagens, contando uma história e apresentando diversos movimentos e formações.

O enredo gira em torno de um casamento, e os dançarinos incorporam o casal de noivos, o padre, o delegado e os padrinhos. Os outros participantes fazem o papel dos casais que foram convidados para o matrimonio.



Passos e momentos da quadrilha junina

A dança inicia-se com o casamento dos noivos. Nesse momento, os dançarinos realizam os passos e balançam o corpo de acordo com o ritmo da música. Em seguida, os cavalheiros cumprimentam as suas parceiras, e inicia-se então uma representação de passeio pela vila.

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Uma das formações mais famosas da quadrilha junina tradicional é o “túnel”, que acontece da seguinte maneira: os homens alinham-se de um lado, e as mulheres do outro, uns de frente para os outros. Em seguida, erguem os braços e seguram as mãos do par, formando assim uma espécie de túnel, onde o casal de noivos passa, sendo seguidos pelos demais dançarinos.

Bordões

Assim como os passos e momentos presentes nas danças, os bordões são parte fundamental em uma quadrilha junina. Nesses momentos, o narrador grita:

  • – Olha a cobra! (onde os dançarinos simulam levar um susto) – e em seguida exclama: “é mentida”;
  • – Olha a chuva! (os dançarinos colocam as mãos na cabeça simulando proteger-se da intempérie) e em seguida grita: “já passou”.

Finalização

A dança continua em ritmo alegre e contagiante, com os casais dançando em formação de caracol ou em volta da fogueira. Em seguida, acontece a coroação dos casais, chegando então ao fim.

A simbologia das fogueiras na quadrilha junina tradicional

Além de proporcionar um conforto térmico no gelado mês de junho, as fogueiras posicionadas no espaço onde ocorre a quadrilha junina foram idealizadas para iluminação, pois na época ainda não existia eletricidade nas cidades do interior.

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Além disso, apresentam funções simbólicas e tradicionais. São uma homenagem à São João, São Pedro e Santo Antônio, os santos padroeiros das festividades juninas. Cabe aqui uma curiosidade: na fogueira de São João, a lenha é disposta verticalmente, formando uma espécie de cone. Na fogueira de Santo Antônio, são distribuídas de maneira que se forme um grande quadrado. Na de São Pedro, a lenha é disposta de maneira que forme um triângulo.

Alimentação

Embora não façam parte da dança em si, as guloseimas presentes no evento são diretamente associadas a quadrilha junina tradicional. Nas festas da realeza, consumiam-se vinho, carnes nobres e as mais frescas frutas que o dinheiro poderia comprar.

Nas danças populares, a alimentação disponível era associada aos seus costumes e tradições: milho verde cozido, bolo de fubá, cuscuz, quentão e pipoca são exemplos do cardápio adaptado e que, hoje em dia, são apreciados até mesmo pelas camadas mais ricas da população. Aliás, junho é justamente o mês da colheita do milho.

Importância da quadrilha junina na cultura nacional

A quadrilha junina tradicional é um tipo de dança muito tradicional na cultura popular brasileira. Sua execução é uma divertida maneira de contar um pouco da história do país, demonstrando de forma lúdica os costumes e crenças do povo brasileiro.

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Por ser uma dança que mescla elementos dos costumes europeus e africanos, refletindo assim a cultura interiorana, representa de maneira artística a mistura de etnias que formam um dos povos mais festivos do mundo.

A quadrilha junina tradicional pode ser dançada por adultos ou crianças e, ainda hoje, é realizada com poucos recursos, pois sua essência simplista ainda é a mesma desde o início de sua introdução, e isso colabora para que seja um sucesso, pois é alcançável a todas as classes sociais. Aliás, depois do carnaval, a festa junina é a celebração mais popular e com o maior número de adeptos do Brasil.

 

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